terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Hérnia de disco: profissional deve conhecer a patologia para prescrever exercícios seguros e eficazes

É preciso evitar cargas excessivas, movimentos com cargas axiais e aqueles com rotação e flexão de coluna. 

Os números impressionam e são preocupantes. Afinal, pesquisas indicam que entre 80 e 85% dos adultos terão lombalgia em algum momento da vida, sendo que “destas, 97% estão relacionadas a dores mecânicas sendo 10% devido à degeneração discal e 4% devido à hérnia de disco”, conta a Professora Dra. Gabriela Molinari Fontela, fisioterapeuta e profissional de educação física.

Conhecer as características e a patologia é fundamental para que o profissional de educação física possa planejar e prescrever exercícios de forma segura e eficaz, além de manter uma relação multidisciplinar com o fisioterapeuta e o médico para obter bons resultados para o aluno. 

A hérnia e o disco

A coluna vertebral é composta por vértebras com um canal interior por onde passa a medula nervosa. Entre as vértebras cervicais, torácicas e lombares, ficam os discos intervertebrais, que são estruturas com forma de anel, constituídas por tecido cartilaginoso e elástico que evita o atrito entre as vértebras e amortece impactos. 

Thiago Carneiro, profissional de educação física e proprietário do Instituto Aica de Jundiaí (SP), compara, de forma didática, o disco a um chiclete com recheio líquido, no qual você move e o recheio se desloca de acordo com o movimento feito. Se houver uma desidratação e um desgaste em um dos lados, o recheio vai vazar por ali. “O disco é enervado e quando a massa discal começa a sair, você sente uma dor leve ali. É o que chamamos de abaulamento.”

Essa “fuga” da massa discal para fora do canal medular é que se chama de hérnia de disco, problema mais comum nas regiões cervical e lombar, mas que pode afetar mais de um disco por vez e que, se não tratada, pode deixar o indivíduo incapacitado de fazer as atividades rotineiras.

Hérnia de disco e o problema multifatorial

A hérnia de disco pode ser causada por diversos fatores, como o genético, a degeneração do disco, a exposição à vibração por longo prazo combinado com o levantamento de peso – característico de algumas profissões como os operadores de britadeira - a má postura, a carga excessiva de peso durante os treinos, um trauma, entre outros.

“Os motivos mais comuns estão relacionados aos fatores ocupacionais associados ao trabalho físico pesado, postura de trabalho estática, inclinar-se e girar o tronco frequentemente, levantar, empurrar e puxar, trabalho repetitivo e até mesmo fatores psicológicos e psicossociais são relatados na literatura”, diz Gabriela.

A idade também “pesa” contra os discos vertebrais, já que a passagem do tempo leva a uma redução no conteúdo hídrico no interior do disco (núcleo pulposo), causando desidratações que provocam fendas radiais e a hérnia. “Nas mulheres isso acontece a partir dos 45 anos e, nos homens, a partir dos 50, mas adolescentes também podem ter hérnia de disco. Não é um problema exclusivo da idade. Além disso, a pessoa que se hidrata bastante, toma bastante água, ajuda a minimizar essa perda hídrica dos discos, embora não seja a principal medida preventiva”, diz Carneiro.

“Os desvios posturais são diversos e podem sim ter relação com a hérnia de disco, mas não necessariamente quem apresenta uma alteração postural terá o problema. A influência da estatura também se relaciona apenas com a desidratação do disco e a diminuição de sua elasticidade e consequente redução da estatura. As compressões axiais podem favorecer uma lesão em um disco já predisposto”, orienta Gabriela.

Hérnia de disco: Sinais de alerta

O profissional de educação física deve estar atento às queixas de seus alunos, sem tentar descobrir ou diagnosticar por conta a hérnia de disco. Gabriela relata que o aluno pode sentir parestesia (formigamento) com ou sem dor, dor com irradiação para os membros inferiores ou superiores (variando de acordo com a localização da hérnia), redução da sensibilidade e até fraqueza muscular. 

Carneiro explica que na maioria das vértebras lombares e cervicais, o abaulamento acontece para trás do disco e, caso ele atinja alguma raiz nervosa, a dor se desloca. Assim, é comum que o paciente sinta dor ou formigamento na panturrilha, por exemplo, e, na verdade, tenha uma hérnia de disco. “Na maioria das vezes, a hérnia está do mesmo lado em que acontece a dor, mas não é uma regra, porque o abaulamento pode estar antes ou depois da raiz nervosa.”

Diante dessas possibilidades, o profissional deve interromper qualquer tipo de exercício ao sinal de dor e orientar o aluno a procurar um ortopedista para a avaliação clínica. “É importante que o profissional de educação física saiba que uma vez hérnia, sempre hérnia. Pode melhorar a dor e se exercitar para evitar que ela volte, mas é preciso conhecimento por parte do profissional para evitar uma piora”, diz Thiago Carneiro, que destaca que alguns sinais e melhora estão relacionados à dor. O profissional da Acaica destaca que se a dor estiver centralizada na coluna e descer para a perna, significa uma piora no quadro do aluno. Agora, se a dor estava na perna e passar a centralizar na coluna, então houve uma melhora na hérnia. “Pode acontecer na aula ou dias depois e geralmente acontece por falta de conhecimento do profissional”, explica.

Diagnóstico feito, cabe ao profissional fazer algumas restrições importantes como evitar cargas excessivas, exercícios que gerem carga axial ou movimentos que combinem rotação e flexão de coluna. Também é importante orientar o aluno de que a dor e a limitação gerada pela hérnia podem leva-lo à incapacidade funcional. 

“Sugere-se um fortalecimento muscular, que não seja na fase aguda de dor, de forma gradual de toda musculatura estabilizadora da coluna, como o quadrado lombar, iliopsoas, músculos abdominais, multifídeos, semi espinhais, iliocostal. Poderão ser realizados por meio de exercícios dinâmicos fora da fase aguda, e a isometria (cuidados aos alunos hipertensos) na fase aguda”, propõe Gabriela.

Para Thiago Carneiro, muitos profissionais de educação física erram por não saberem como agir e como é o funcionamento correto da coluna. Assim, acabam prescrevendo exercícios que trazem dor. “A cervical precisa sustentar a cabeça, que pesa cerca de 4,5 kg, então tem que fortalecer essa musculatura e evitar os exercícios que vão levantá-la, como os abdominais tradicionais. Já os exercícios de descompressão ajudam a aliviar a dor. Na lombar, é interessante evitar a flexão de tronco.”

Exercícios de alongamentos passivos e isolados e aqueles de mobilidade para coluna são bem-vindos até o limiar de dor, enquanto os de tração podem auxiliar no processo, desde que realizado como complemento de um tratamento, e tão somente por um fisioterapeuta com conhecimento a fazê-lo. “Não cabe ao profissional da Educação Física realizar este procedimento”, frisa Gabriela.

Dá para prevenir hérnia de disco?

A prática de atividade física ajuda a evitar a hérnia de disco, uma vez que o sedentarismo reduz o fluxo sanguíneo das vértebras, causando baixas concentrações de oxigênio no disco, reduzindo sua nutrição global e predispondo à desidratação, microfratura e fissura.

Uma vez instalada, a hérnia de disco é “pra sempre” a não ser que o aluno passe por uma cirurgia, requerendo atenção especial do profissional de educação física para sua devida recuperação. Carneiro conta que algumas exercícios, como o de ponte com bola e a série de Mackenzie são capazes até de fazer a hérnia retornar para dentro do disco (“mas só se for um caso de hérnia mole. Hérnias duras são casos mais sérios”, frisa).

O profissional de educação física deve buscar o conhecimento constante para saber como funciona e como lidar com a coluna.“A complexidade da coluna é tanta que é fundamental compreendê-la. Por meio da avaliação postural estática e em movimento, além de outros métodos, pode-se minimizar as chances de errar e comprometer a doença daquele aluno”, diz Thiago Carneiro. 


FONTE: Portal Educação Física
*Consultoria Técnica por Givanildo Matias, Test Trainer.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Metade dos pais subestima peso de filhos gordinhos e obesos



Cientistas analisaram dados de 69 estudos e concluíram que 51% dos pais de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade não reconhecem o problema. 

Metade dos pais avalia seus filhos gordinhos e obesos como mais magros do que eles realmente são, revelou uma revisão de estudos publicada no periódico Pediatrics, no último domingo.

Cientistas da Universidade Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos, analisaram dados de 69 estudos com mais de 15.000 crianças e adolescentes a partir de 2 anos. Ao confrontar como pais avaliavam o peso de filhos que se encaixavam no padrão de sobrepeso ou obesidade, os pesquisadores descobriram que pouco mais do que a metade — 51% — consideravam seus filhos com sobrepeso como dentro ou abaixo do peso normal e os obesos como normais ou um 'pouco cheinhos'.

Os cientistas ainda analisaram 52 estudos com cerca de 65.000 crianças de peso normal. Eles descobriam que 14% dos pais daqueles participantes também subestimaram o peso de seus filhos.

"Nós sabemos que os pais desempenham um papel crucial para prevenir a obesidade infantil", disse Alyssa Lundahl, líder do estudo. "Mas eles somente poderão ajudar seus filhos se reconhecerem que estão acima do peso e se preocuparem com isso." Segundo Alyssa, os pais devem se certificar de que os pediatras checam o peso de seus filhos. E, independentemente do tamanho da criança, encorajá-la a comer bem e se exercitar.

FONTE: Portal Educação Física